sábado, 23 de agosto de 2014

Alguns meses Menezes

I

O que irá ficar não será essa dor mastigável,
essa dor,
é mastigável,
digerível,
porque o que irá ficar,
é o que nos ficou,
e não foi em nenhum momento,
essa dor, mastigável.
Que ainda mastigo, mas,
contigo, paz,
Domingo, Jaz,
mastigável.

II

Vezes ou outra me chamava: - Nego,
e de tão meigo me parti ao meio,
adjetivante, suas palavras,
substantivante, seus sorrisos,
complementantes, nossas falas,


brasas e almas nos faz abrigo.


III
De todo teor,
mais amor,
de toda postura de ser em pé,
mais fé,
de seus conselhos,
almejo,
posto que é desejo,
e só lá, nesta dimensão,
felicidade eterna,
e aconchego.


de seu "nego", seguido de "merda", com "erre" fricativo,

Matheus Carmo.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Selfie dos Santos

Ai Camila,
mesmo tão longe,
longe me machuca,
se não de saudosismo,
de ciúme e surta.
Aquele Selfie rarefeito,
ao seu par perfeito,
nunca quis tanto cobrir meus olhos,
com a fumaça companheira do meu charuto Gabriela.

Matheus Carmo

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Glamorosa

Uma noite semanal, como outra qualquer, sentado na cadeira de um ônibus, como outro qualquer,
uma...espera, quase como outro qualquer.
quase como outra qualquer,
havia uma outra, glamorosa, talvez qualquer, que chamava a atenção de qualquer homem da oliva, pra não dizer "antropofagia", que entrasse nesse ônibus.
A sorte, ela dividia os assentos comigo.
Na velocidade costumeira de que um ônibus qualquer cruza as paralelas às 21 horas, a tal "Parada Solicitada", então, saltei:
- Obrigado, motô.
Em terra firme, a qual outros chamam de passeio,
eu ainda olhava a glamorosa por intermédio da janela do ônibus, e ele, ainda a espera de mais passageiros, me cedia a oportunidade de concretizar meus mais héteros pensamentos quando,
ela, a glamorosa, inclina o olhar para mim. Fixa, se levanta, e caminha em direção ao motorista, fixando mais ainda o olhar em mim. Aquela andada de cego da oliva, ao modo que o passo avança, o pescoço se inclina.
Meu coração, batia Bukowskianamente bem.
Ao chegar entre a porta de saída do ônibus e a primeira janela, um sorriso somado aquele gesto: mãos do lado de fora da janela me dizendo "vem aqui!". Eu fui.
- Você deixou o seu cartão cair, moço.


Ao menos não perdi meu emprego do dia seguinte.


Matheus Carmo